Curso organizado pela Martin Travel de Foz do Iguaçu


Aqui estamos nós, os participantes do Curso organizado pela Martin Travel de Foz do Iguaçu sobre a espiritualidade Mbyá Guarani. Eu tive o privilégio de ter sido convidado para falar sobre a assunto no curso. Preparei uma apresentação especial. Decidi dar uma imagem completa das visões eco-espirituais do mundo. Comecei mostrando um mapa da National Geographic onde aparecem as principais grandes áreas indígenas das américas. 

Chamemos de "domínios": 1) circumcaribenho, 2) andino, 3) Amazônico, 4) Leste Brasileiro, 5) Gran Chaco e o 6) Sul. Apresentei fotos de etnias das Islas Perlas e do Arquipélago de San Blás (Panamá), passando pela Guajira (Colombia), Otavalo e Shuaras do Equador, amazônicos do Rio Javari, até chegar ao Gran Chaco e à Terra do Fogo (Onas e Yamanas) passando pelos Mapuches. Creio que foi possível dar uma iéia de variedade. 

Quis deixar a mensagem de que a Natureza cria com poucas ferramentas físicas (vento e água, por exemplo) e que como prevenção contra a extinção ela utiliza a diversidade - quer seja biológica, cultural, de espécies etc. Fiz a citação de um cientista da Woods Hole Oceanographic Institution sobre os níveis da diversidade: 1) de espécies, 2) genética e 3) ecossistemas. É possível que uma espécie entre em extinção mas seria catastrófica a extinção de todas as espécies - digamos da raça humana. A diversidade assegura que sempre haja uma base para recomeçar.

No começo da palestra mostrei um slide onde resumia, de maneira simples, que tudo na terra que não for natural é cultural. É natural comer, beber, arrotar, defecar e acasalar. É cultural o como comer, como beber, como arrotar, como defecar, como acasalar. Houve risos quando afirmei que a humanidade, no que refere à defecar está dividida entre dois grupos: os cropófilos e os cropofóbicos. Cropo quer dizer fezes. Filos é amigo e fóbico é que tem aversão. A divisão tem a ver com a maneira em que as pessoas tratam os dejetos, como se limpam etc.

Houve uma reação interessante quando mencionei que a diversidade não é muito bem-vinda pelo sistema. Apresentei os principais redutores da diversidade: estado, religião, educação, a escrita no caso da diversdade linguística. Um estado necesita de um mínimo de religião, etnias, culturas. Daí a necessidade de domínio de uma "cultura dominante". Mostrei que "a cultura" que prevalece no mundo é a européia e que sua origem é mesopotâmica, monoteísta, patriarcal. No fundo prevalece uma luta entre os modelos politeístas, com muitas divindades praticados pelos Povos da Terra onde a terra é vista como sagrada e o modelo monoteísta simplificador que favorece o sistema redutor.

Depois de mostrar exemplos de quão universal era a visão xamânica da terra, do universo, dos seres conduzi a apresentação para o Canto Sagrado Mbyá Guarani - oferecendo citações que servem de fundamento para o por quê dos Mbyá guarani considerar sagrados o beija-flor, o tatu, a coruja, o gafanhoto-verde, o enfeite para cabeça, o banquinho do pajé. Fizemos uma breve leitura de situações judeo-cristãs que servem de fundamento para respeitar a sacralidade da Terra. O Monte Sinai, por exemplo, e a passagem onde Deus pediu a Moisés que tirasse o calçado porque "o solo em que pisas é sagrado". No final, senti que a mensagem principal foi passada: não existe certo ou errado. Tudo é parte da grande diversidade da terra e que somos todos um! Sugeri como leitura obras como "Uma Introdução ao Pensamento Complexo" de Edgar Morin e obras sobre a Teoria Geral dos Sistemas.


Após o almoço e após escutarmos a palestra de Vivian do Projeto MATE, fomos até a Aldeia Yriapu. As fotos acima são uma lembrança desta tarde maravilhosa na Aldeia Água que Troveja - Yriapu.

Postagem original de sábado, 1 de agosto de 2009

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